O que é o balão gástrico?
O balão gástrico é um recurso clínico de
tratamento do sobrepeso e
obesidade. Consiste na colocação de um balão de silicone no estômago por
endoscopia que preenche de 1/3 a metade da cavidade gástrica. O Balão promove
diminuição do esvaziamento gástrico, ou seja, retarda a saída do alimento
ingerido, estendendo a saciedade.
O balão proporciona uma
oportunidade de reeducação dos hábitos alimentares e melhora da relação do
indivíduo com a comida e seus impulsos de fome. É um método de tratamento usado
há vários anos que se aprimorou com a melhora da qualidade e segurança dos
balões mais modernos.
Como é a colocação e a retirada do balão
gástrico?
O processo de colocação é feito com o paciente
sob sedação (sem necessidade de anestesia) com introdução e preenchimento
guiados pela endoscopia e dura em torno de 10 a 15 minutos. Embora não seja um
procedimento cirúrgico e nem precise de internação, é normalmente realizado,
por segurança, em ambiente hospitalar com supervisão de um anestesista. Após a
colocação é feito o enchimento do balão com 400 a 700 ml de uma solução
salina ( soro fisiológico) e um marcador azul (corante) .
Nem todos os balões são preenchidos com
líquido, também existe um modelo de balão que, ao invés de líquido, é
preenchido apenas com ar.
O balão pode permanecer dentro do estomago por
um período de 4 a 6 meses, esse tempo é variável pois algumas marcas de Balões
orientam 4 meses e outras até 8.
A retirada do Balão também é feita por
endoscopia como a colocação.
Quais as vantagens do Balão Gástrico como
método de tratamento da obesidade?
As principais vantagens são
(1)reversibilidade: diferentemente da cirurgia bariátrica, um método
irreversível, o BG pode ser retirado a qualquer momento no caso de alguma
intolerância; (2) baixo risco de complicações: as complicações com o uso do
balão são bem controladas com o auxilio de fármacos, quando o procedimento é
feito por uma equipe multidisciplinar não observamos nenhum risco a saúde do
paciente e (3) repetibilidade: embora não seja comum, o BG pode ser colocado
sucessivas vezes, se necessário. Outra vantagem é que por promover
emagrecimento sem necessidade do uso de medicamentos moderadores de apetite com
ação no sistema nervoso central é uma boa alternativa para pacientes que
apresentam intolerância, contra-indicações ou ausência de resposta com estes
medicamentos. Entretanto, é importante ressaltar que o BG é um método
temporário (6 meses), que necessita de forte comprometimento por parte do
paciente e ainda possui um custo mais elevado que o tratamento medicamentoso.
Perda de peso esperada com o balão gástrico?
Embora a perda média fique entre 15 a 20% do
peso inicial, há que se destacar que esta perda é extremamente variável e
depende de vários fatores como peso inicial, adaptação, volume de
preenchimento, tipo de balão (ar ou líquido), disposição emocional para
mudanças, adesão ao controle clínico e nutricional, grau de atividade física,
metabolismo basal, etc.
Como o balão gástrico pode ajudar a emagrecer?
Sabemos que o estômago, quando vazio, secreta
a grelina, um potente estimulante do apetite no cérebro e até o momento não
existe uma medicação que inibe a secreção deste hormônio. Assim, a distensão do
estômago pelo balão causa diminuição da secreção da grelina (reduzindo o
apetite) e aumenta a saciedade pela sua ação mecânica sobre o sistema nervoso
autônomo.
Para quem está indicado o balão?
O balão gástrico está normalmente indicado
para pacientes com obesidade que já tentaram os outros tratamentos clínicos -
dieta, atividade física e medicamentos – mas tiveram resposta insatisfatória. É
também indicado para aqueles que não toleram medicamentos devido aos efeitos ou
não podem usá-los devido a alguma doença ou condição clínica. Apesar de estar
indicado para o tratamento da obesidade, estudos mais recentes avaliaram o uso
do BG em pacientes pré-obesos com boa resposta e segurança.
Quais
são as contraindicações para colocação do balão gástrico?
Antes de se proceder a colocação é importante
avaliar cuidadosamente se o paciente não possui contraindicações ao BG como
úlcera péptica, hérnia hiatal significativa, passado de cirurgia gástrica,
problemas de coagulação, esofagite grave, uso crônico de antiinflamatórios e alcoolismo.
Daí a importância de se realizar exames laboratoriais e uma endoscopia prévia.
Pode estar ainda indicada uma avaliação psicológica para se avaliar o grau de
comprometimento, compreensão e expectativas por parte do paciente.
Quais os cuidados após a colocação do BG?
A primeira semana é a que requer mais cuidados
devido à adaptação do organismo com a presença do balão. Embora o volume do
balão não seja muito diferente do volume de uma refeição usual (considerando a
comida e bebida) temos que lembrar que no caso da refeição os movimentos do
estômago irão promover o seu esvaziamento o que não ocorre na presença do
balão. Por isso, normalmente são prescritos medicamentos para inibir a acidez
do estômago bem como as cólicas, náuseas e vômitos que representam uma resposta
fisiológica do organismo. Mesmo assim, 80% dos pacientes apresentam algum
episódio de vômito nesta fase de adaptação. Além disso, deve se ter um cuidado
especial com a dieta, prescrita e acompanhada por uma nutricionista especializada,
inicialmente líquida evoluindo para pastosa e normalizando a consistência com o
passar dos dias com grande atenção para a mastigação. Bebidas alcoólicas devem
ser evitadas nesta fase. O acompanhamento clínico e nutricional – e psicológico
quando necessário - é fundamental para que o paciente aproveite ao máximo o
benefício proporcionado por este método de tratamento e alcance os resultados
desejados.
Quais as diferenças entre um balão prenchido
com ar ou líquido?
A principal diferença é o peso de cada um no
estômago, aproximadamente 600g para balão de líquido e 30g para balão de ar. Os
balões preenchidos com ar costumam oferecer melhor adaptação na fase inicial
mas segundo alguns estudos e pela observação na prática clínica parecem
promover menor perda de peso, pois para algumas pessoas o peso do balão possui
um efeito adicional na percepção da saciedade. Uma vantagem do balão preenchido
com líquido é que, por conter um corante, em caso de vazamento o paciente
poderá perceber a cor azulada da urina o que não ocorre com o balão de ar.
Quais as possíveis complicações com o balão
gástrico?
O BG é considerado hoje um método de baixo
risco comparado a outras formas de tratamento da obesidade como medicamentos e
cirurgia bariátrica. Embora pouco frequentes, as principais complicações já
observadas foram esvaziamento do balão e migração para o intestino (geralmente
é eliminado na evacuação mas raramente pode ocorrer obstrução), aparecimento de
úlcera gástrica, colonização por fungos, desidratação por vômitos na fase de
adaptação. Estas complicações são raras sobretudo quando há uma indicação
criteriosa, uma avaliação laboratorial e endoscópica prévia à colocação,
escolha de um endoscopista experiente, um acompanhamento clínico-nutricional
constante e principalmente se respeita o tempo de duração de seis meses. As
complicações mais observadas nos estudos foram em pacientes que não voltaram
para retirada do balão no prazo recomendado, o que denota a importância de uma
boa aliança médico-paciente no momento de se indicar este tipo de tratamento.
Devido à presença do corante no balão, em caso de esvaziamento do balão, o
paciente perceberá uma cor azul na urina ou nas fezes que o alertará para a
procura de orientação médica e programação da melhor conduta.
Após a retirada do balão poderá haver
recuperação do peso perdido?
De fato, a colocação de um balão gástrico pode
ter um efeito apenas transitório se não houver um envolvimento do paciente com
as mudanças na alimentação, estilo de vida e principalmente da autoestima que
poderão ser alcançadas neste tratamento. Por isso, há um grande enfoque no
preparo e acompanhamento profissional para que o paciente não se apoie na
ilusão de que apenas preencher o estômago com um balão de silicone irá
resolver, de forma mágica, seus problemas. Deve-se lembrar que a recuperação de
peso pode ocorrer com qualquer modalidade de tratamento da obesidade (até mesmo
nas cirurgias bariátricas) se não houver uma participação ativa do paciente
neste processo. Assim, o papel fundamental do acompanhamento clínico é manter
os cuidados necessários para que, neste período, a pessoa tenha condições de
emagrecer, reeducar seus hábitos e ganhar mais saúde para que, após a retirada,
o paciente esteja pronto para se beneficiar dos diversos recursos disponíveis
para prevenção da recuperação de peso.
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