sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Balão Intragástrico


O que é o balão gástrico?
O balão gástrico é um recurso clínico de tratamento do sobrepeso e  obesidade. Consiste na colocação de um balão de silicone no estômago por endoscopia que preenche de 1/3 a metade da cavidade gástrica. O Balão promove diminuição do esvaziamento gástrico, ou seja, retarda a saída do alimento ingerido, estendendo a  saciedade. O balão  proporciona uma oportunidade de reeducação dos hábitos alimentares e melhora da relação do indivíduo com a comida e seus impulsos de fome. É um método de tratamento usado há vários anos que se aprimorou com a melhora da qualidade e segurança dos balões mais modernos.
Como é a colocação e a retirada do balão gástrico?
O processo de colocação é feito com o paciente sob sedação (sem necessidade de anestesia) com introdução e preenchimento guiados pela endoscopia e dura em torno de 10 a 15 minutos. Embora não seja um procedimento cirúrgico e nem precise de internação, é normalmente realizado, por segurança, em ambiente hospitalar com supervisão de um anestesista. Após a colocação é feito o enchimento do balão com  400 a 700 ml de uma solução salina ( soro fisiológico) e um marcador azul (corante) .
Nem todos os balões são preenchidos com líquido, também existe um modelo de balão que, ao invés de líquido, é preenchido apenas com ar.
O balão pode permanecer dentro do estomago por um período de 4 a 6 meses, esse tempo é variável pois algumas marcas de Balões orientam 4 meses e outras até 8.
A retirada do Balão também é feita por endoscopia como a colocação.
Quais as vantagens do Balão Gástrico como método de tratamento da obesidade?
As principais vantagens são (1)reversibilidade: diferentemente da cirurgia bariátrica, um método irreversível, o BG pode ser retirado a qualquer momento no caso de alguma intolerância; (2) baixo risco de complicações: as complicações com o uso do balão são bem controladas com o auxilio de fármacos, quando o procedimento é feito por uma equipe multidisciplinar não observamos nenhum risco a saúde do paciente e (3) repetibilidade: embora não seja comum, o BG pode ser colocado sucessivas vezes, se necessário. Outra vantagem é que por promover emagrecimento sem necessidade do uso de medicamentos moderadores de apetite com ação no sistema nervoso central é uma boa alternativa para pacientes que apresentam intolerância, contra-indicações ou ausência de resposta com estes medicamentos. Entretanto, é importante ressaltar que o BG é um método temporário (6 meses),  que necessita de forte comprometimento por parte do paciente e ainda possui um custo mais elevado que o tratamento medicamentoso.
Perda de peso esperada com o balão gástrico?
Embora a perda média fique entre 15 a 20% do peso inicial, há que se destacar que esta perda é extremamente variável e depende de vários fatores como peso inicial, adaptação, volume de preenchimento, tipo de balão (ar ou líquido), disposição emocional para mudanças, adesão ao controle clínico e nutricional, grau de atividade física, metabolismo basal, etc.
Como o balão gástrico pode ajudar a emagrecer?
Sabemos que o estômago, quando vazio, secreta a grelina, um potente estimulante do apetite no cérebro e até o momento não existe uma medicação que inibe a secreção deste hormônio. Assim, a distensão do estômago pelo balão causa diminuição da secreção da grelina (reduzindo o apetite) e aumenta a saciedade pela sua ação mecânica sobre o sistema nervoso autônomo.
Para quem está indicado o balão?
O balão gástrico está normalmente indicado para pacientes com obesidade que já tentaram os outros tratamentos clínicos - dieta, atividade física e medicamentos – mas tiveram resposta insatisfatória. É também indicado para aqueles que não toleram medicamentos devido aos efeitos ou não podem usá-los devido a alguma doença ou condição clínica. Apesar de estar indicado para o tratamento da obesidade, estudos mais recentes avaliaram o uso do BG em pacientes pré-obesos com boa resposta e segurança.
Quais são as contraindicações para colocação do balão gástrico?
Antes de se proceder a colocação é importante avaliar cuidadosamente se o paciente não possui contraindicações ao BG como úlcera péptica, hérnia hiatal significativa, passado de cirurgia gástrica, problemas de coagulação, esofagite grave, uso crônico de antiinflamatórios e alcoolismo. Daí a importância de se realizar exames laboratoriais e uma endoscopia prévia. Pode estar ainda indicada uma avaliação psicológica para se avaliar o grau de comprometimento, compreensão e expectativas por parte do paciente. 
Quais os cuidados após a colocação do BG?
A primeira semana é a que requer mais cuidados devido à adaptação do organismo com a presença do balão. Embora o volume do balão não seja muito diferente do volume de uma refeição usual (considerando a comida e bebida) temos que lembrar que no caso da refeição os movimentos do estômago irão promover o seu  esvaziamento o que não ocorre na presença do balão. Por isso, normalmente são prescritos medicamentos para inibir a acidez do estômago bem como as cólicas, náuseas e vômitos que representam uma resposta fisiológica do organismo. Mesmo assim, 80% dos pacientes apresentam algum episódio de vômito nesta fase de adaptação. Além disso, deve se ter um cuidado especial com a dieta, prescrita e acompanhada por uma nutricionista especializada, inicialmente líquida evoluindo para pastosa e normalizando a consistência com o passar dos dias com grande atenção para a mastigação. Bebidas alcoólicas devem ser evitadas nesta fase. O acompanhamento clínico e nutricional – e psicológico quando necessário - é fundamental para que o paciente aproveite ao máximo o benefício proporcionado por este método de tratamento e alcance os resultados desejados.
Quais as diferenças entre um balão prenchido com ar ou líquido?
A principal diferença é o peso de cada um no estômago, aproximadamente 600g para balão de líquido e 30g para balão de ar. Os balões preenchidos com ar costumam oferecer melhor adaptação na fase inicial mas segundo alguns estudos e pela observação na prática clínica parecem promover menor perda de peso, pois para algumas pessoas o peso do balão possui um efeito adicional na percepção da saciedade. Uma vantagem do balão preenchido com líquido é que, por conter um corante, em caso de vazamento o paciente poderá perceber a cor azulada da urina o que não ocorre com o balão de ar.
Quais as possíveis complicações com o balão gástrico?
O BG é considerado hoje um método de baixo risco comparado a outras formas de tratamento da obesidade como medicamentos e cirurgia bariátrica. Embora pouco frequentes, as principais complicações já observadas foram esvaziamento do balão e migração para o intestino (geralmente é eliminado na evacuação mas raramente pode ocorrer obstrução), aparecimento de úlcera gástrica, colonização por fungos, desidratação por vômitos na fase de adaptação. Estas complicações são raras sobretudo quando há uma indicação criteriosa,  uma avaliação laboratorial e endoscópica prévia à colocação, escolha de um endoscopista experiente, um acompanhamento clínico-nutricional constante e principalmente se respeita o tempo de duração de seis meses. As complicações mais observadas nos estudos foram em pacientes que não voltaram para retirada do balão no prazo recomendado, o que denota a importância de uma boa aliança médico-paciente no momento de se indicar este tipo de tratamento. Devido à presença do corante no balão, em caso de esvaziamento do balão, o paciente perceberá uma cor azul na urina ou nas fezes que o alertará para a procura de orientação médica e programação da melhor conduta.
Após a retirada do balão poderá haver recuperação do peso perdido?
De fato, a colocação de um balão gástrico pode ter um efeito apenas transitório se não houver um envolvimento do paciente com as mudanças na alimentação, estilo de vida e principalmente da autoestima que poderão ser alcançadas neste tratamento. Por isso, há um grande enfoque no preparo e acompanhamento profissional para que o paciente não se apoie na ilusão de que apenas preencher o estômago com um balão de silicone irá resolver, de forma mágica, seus problemas. Deve-se lembrar que a recuperação de peso pode ocorrer com qualquer modalidade de tratamento da obesidade (até mesmo nas cirurgias bariátricas) se não houver uma participação ativa do paciente neste processo. Assim, o papel fundamental do acompanhamento clínico é manter os cuidados necessários para que, neste período, a pessoa tenha condições de emagrecer, reeducar seus hábitos e ganhar mais saúde para que, após a retirada, o paciente esteja pronto para se beneficiar dos diversos recursos disponíveis para prevenção da recuperação de peso.

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